Diário Estelar - Entrada 10: Maniac Cop 2 (Polícia Maníaco 2)
Sim Cláudio Pedras, finalmente, e após mais de um mês de insistência, decidi ver o filme que tanto me sugeriste, "Maniac Cop 2". E após vê-lo confesso que estava enganado em ter hesitado durante tanto tempo.
Estreado em 1990, "Maniac Cop 2" é a sequela de "Maniac Cop" de 1988, um pequeno filme independente que viria a tornar-se um sucesso inesperado.
Com o dobro do orçamento do original (de 1,3 Milhões para 4 Milhões), este filme inflacionou para melhor tudo aquilo que o antecessor nos oferecera, conseguindo a proeza de manter intacta quase toda a equipa responsável pelo sucesso.
Com Bruce Campbell e Laurene Landon a regressar às suas personagens e William Lustig na cadeira de realizador e Larry Cohen atrás da máquina de escrever do guião, a fórmula tinha todos os ingredientes para resultar
novamente. E assim o fez.
O ENREDO
O filme é uma continuação directa do anterior, começando no mesmo instante onde a trama terminara.
Matt Cordell (o falecido Robert Z'Dar) é um polícia de Nova York que fora tramado e enviado para a prisão por estar perto de associar as suas chefias a um esquema de corrupção. Enclausurado e rodeado por criminosos é rapidamente brutalizado e deixado como morto após um violento ataque que o deixa desfigurado.
Num estranho estado de morte cerebral, Cordell regressa da quase morte para se vingar daqueles que o incriminaram.
Após os acontecimentos finais do filme original, onde os policias Jack Forrest (Bruce Campbell) e Teresa Mallory (Laurene Landon) perseguem Cordell até um cais de mercadorias, Cordell é dado como morto e desaparecido no fundo do rio Hudson, mas regressa dos mortos para prosseguir a sua vendetta.
Desta feita não como um morto-cerebral maníaco, mas como um morto-vivo ressurecto e em total estado de decomposição.
Neste departamento tenho de louvar a excelente caracterização, tanto do filme original como da sequela, que conseguiu criar um vilão clássico (mas pouco reconhecido) do cinema de terror.
TRAILER DO FILME
PENSAMENTOS
Adorei este filme, apesar de o ter preterido várias vezes. A fotografia é fenomenal, abusando (e bem) dos tons vermelhos e sombras carregadas. Destaco especialmente a cena inicial do filme onde um assaltante assalta uma loja de conveniência (por acaso uma homenagem a "Cobra - O Braço Forte da Lei").
Achei arrojadíssimo o facto das duas personagens principais do filme original serem mortas quase no inicio do enredo, quase como uma provocação à "Psycho" de Hitchcock.
Os novos protagonistas escolhidos são também igualmente óptimos, destacando Robert Davi que deveria ter tido mais tempo para "brilhar" como o soturno detective noir que fuma sem parar. A sua personagem transpira personalidade, igualando o carisma de Tom Atkins do filme original, que convenhamos, rouba a tela. Davi assume o papel do detective encarregado de investigar a morte da personagem protagonizada por Bruce Campbell e acaba por ser arrastado para o pesadelo Cordell. Mas ao contrário dos restantes detectives, Davi parece não temer o polícia-zombie e tenta mesmo ajudá-lo (sim, Cordell é representado como uma esécie de vítima neste filme.)
Claudia Christian, por outro lado, desempenha um papel interessante como uma polícia-psicóloga, mas com um certo desinteresse, não estranhando que tenha tido tantos problemas com o realizador durante as rodagens, chegando mesmo a afirmar que só aceitara o papel porque estava desesperada por dinheiro e ainda arranjou problemas graves à produção, pois não a alertou que estava grávida, inviabilizando o seguro obrigatório de qualquer filmagem. Que cabra...
Outra reviravolta que gostei bastante foi o facto de Cordell se aliar a um assassino em série de dançarinas exóticas, Turkell (Leo Rossi) um pouco como se necessitasse de companhia, uma espécie macabra de "amigo" retorcido.
Esta inclusão de um segundo antagonista só serve para construir Matt Cordell como algo mais do que um Michael Myers ou um Jason Vorhees. No final do filme sentimos, eu pelo menos, uma empatia por este polícia injustiçado que fora levado até ao abismo de se tornar o que abominava, um fora-da-lei. Nuances assim tornam este filme, claramente de classe B, em algo um pouco mais elevado.Porém o filme não é perfeito. Longe disso e isso é a minha maior mágoa, pois tinha o potencial para ser um clássico, ao invés de uma peça de culto. Não sei bem se é por falha do argumento ou interferências na produção mas a partir do meio da trama o filme fica desconexo, solto e, de certo modo, parece-me incompleto. Como se certas cenas não tivessem sido filmadas ou então deixadas no chão da sala de edição.
Passo a explicar: Como já referi anteriormente, a personagem de Robert Davi começa forte e promissora, mas rapidamente dissolve-se e é remetida para segundo plano, só servindo como veículo para manter a história em movimento.A incursão de Cordell na prisão onde fora morto acontece com demasiada rapidez e a sua vingança sabe a pouco. Seria de esperar um clímax quando se vê frente a frente com os homens que o assassinaram mas tudo acontece com pouca fanfarra ou sentimento.
A revelação da corrupção das chefias surge um pouco do nada e de uma forma muito inexplicável e o modo de colocar Cordell em paz é rebuscado e deslocado do filme negro que é "Maniac Cop 2", baseando-se num pedido de desculpas e confissão de culpa dos criminosos… Cordell merecia mais.
Mas tenho de destacar um ponto MUITO positivo, que é a sequência em que Cordell ataca a esquadra da polícia para salvar o seu companheiro Turkell da prisão. Esta cena é genial e consegue transmitir a ideia que o polícia-zombie é uma força avassaladora da Natureza que nada e ninguém consegue parar. Desde o momento em que surge na carreira de tiro até à cadeia de mortes que desencadeia no piso dos gabinetes, a sequência envergonha muitos filmes de acção. Só esses minutos fazem valer a pena ver o filme.
Deixo aqui o excerto para quem quiser dar uma olhada.
VEREDICTO
Resumindo, e após contas de merceeiro a conclusão é que gostei muito deste peculiar filme de terror e acho que deveria ser mais reconhecido no seio do universo dos vilões do horror, colocando Matt Cordell no mesmo patamar que Candyman ou Victor Crowley (de "Hatchet"). A figura do polícia morto-vivo a girar o seu bastão serenamente por uma pacata rua de Nova York é demasiado icónica para ser remetida ao esquecimento.
Ouvi dizer que um remake de "Maniac Cop" está a ser cozinhada lá por Hollywood, mas por favor preservem este filme como a verdadeira jóia do passado que é.
NOTA FINAL:
4 POLÍCIAS SINISTROS COMO O RAIO!












Vê o terceiro, vê o terceiro!!!
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