Diário Estelar - Entrada 07: O Vale das Luzes (Colecção Pêndulo #51)

Desde muito novo que me interessei por uma série de livros "proibidos" para a minha tenra idade publicados pela Europa-América. Essa colecção denominava-se de "Pêndulo" e consistia em livros de terror, fantasia, thriller e do macabro.
Eram obras com um teor violento e desadequado a crianças, apesar da temática mais fantástica.
Passados muitos anos começei a adquirir pouco a pouco os livros que me pareceram mais apelativos, deixando de parte os números correspondentes a novelização de filmes, pois fujo desse tipo de obras como o Diabo foge da cruz!
Começei pelo número 51, um livro de Steven Gallagher chamado "O Vale das Luzes" (The Valley of Lights) de 1987.

O ENREDO

Um policia de Phoenix (Alex Volchak) é chamado a um motel para investigar quatro elementos encontrados inanimados num quarto. Ali jazem há várias semanas em plena morte cerebral com alguém a alimentá-los com comida para bebé e a pagar-lhes o quarto a tempo e horas.
Após cuidada investigação, Alex consegue seguir o rasto do dinheiro até um homem chamado Mercado, mas quando o tenta prender, o suspeito morre subitamente diante dos seus olhos, como se suicidasse espontaneamente.
Ao mesmo tempo que tudo isto acontece um dos quatro elementos comatosos encontrados no motel ergue-se do sono e evade-se do hospital de maneira suspeita.
Alex consegue encontrá-lo e logra detê-lo, mas para seu espanto o homem mata-se do mesmo modo que Mercado! Qual a ligação entre os dois?
A resposta chega-lhe quando um segundo doente comatoso do grupo do motel se ergue da letargia e foge do hospital, tal como o companheiro.

Pouco a pouco, o polícia vai juntando as peças e determina o impossível: Mercado, ou algo que habitava no seu corpo, tem a capacidade de saltar de indivíduo em indivíduo se este estiver em estado de coma, tal parasita que migra de hospedeiro em hospedeiro.

Por isso é que mantinha os corpos inanimados no quarto, tal conchas vazias de reserva à espera de serem habitadas por si.  
Desacreditado por todos, Alex inicia um jogo do gato-e-do-rato com aquela entidade ancestral e sem nome, que já só consegue encontrar prazer na sua existência infinita matando e comendo crianças, como se sorvesse "Vida Nova" em contraste com a sua antiguidade.


PENSAMENTOS
Iniciei este livro empolgado com a história que me parecia intrigante. E de facto é! O cenário de uma Phoenix empoeirada dos anos 80 e o ambiente de estranheza de um assassino paranormal cativou-me desde a primeira página.
Fiquei viciado em descobrir o que se passava com os corpos comatosos e o homem que parecia capaz de se suicidar e migrar para outros casulos humanos, mas após descobrir as engrenagens do mistério a história perdeu fulgor.

O véu do mistério é levantado logo no primeiro terço do livro e fiquei a pensar "então e o que se segue agora e como vai o autor encher as restantes páginas agora que mostrou todas as cartas?"

Confesso que nesta altura cheguei a ponderar pousar o livro e desistir.
Como estava enganado.

O melhor ainda estava para vir.

É neste momento da trama que os acontecimentos arrancam a todo o vapor e se inicia um duelo ente Alex e a "Entidade" que os arrasta até ao limite, arrastando toda uma cidade atrás do conflito.

As mortes começam a acumular-se, os crimes aumentam de brutalidade e até os entes queridos do protagonista são forçados a entrar na caçada contra a sua vontade. 

Sente-se a tensão e gravidade de cada jogada que cada um faz contra o outro, tal jogo de xadrez entre dois titãs e confesso que não estava à espera que o livro fosse tão violento e sangrento, muitas vezes roçando o gore (o assassino come crianças…).

O cenário da cidade "pinga" anos 80 e o pano de fundo dos desertos em redor remete-nos para os filmes de cowboys do passado, mantendo uma aura de terror implícito e constante.

O toque de sobrenatural tinge o enredo com um tom místico que nos mantém inebriados nos acontecimentos e puxa para Phoenix juntamente com Alex. Realmente queremos que o protagonista logre na sua contenda contra a "Entidade" parasita e ansiamos por descobrir a natureza ancestral do inimigo.

Adorei este pequeno grande livro e recomendo-o sem reservas a quem gosta de enredos contidos e de duelos "à antiga", tipo um western.



NOTA FINAL:
3,5 Pôr-do-Sol de Phoenix

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